Não. Não é um clichê americano.
Esse não é mais um filme sobre a reviravolta da garota nerd, que antes sofria
bullying, e agora namora o popular da escola. Não é um filme descontraído, não
vai te fazer rir, não vai te deixar mais leve, sequer vai te fazer torcer por
algum casal. Ele vai te fazer chorar. E assim que deve ser, visto a delicadeza
e gravidade do assunto.
Jéssica Burns chegou ao seu
ápice, ao ponto em que não enxergava a vida como uma opção viável. Sozinha em
casa, engoliu cinquenta pílulas, levando-a a uma overdose que a deixou em coma.
Com seus não mais que dezesseis anos, o que poderia levar uma estudante fazer
isso?
A South Brookdale High School
entra para o ranking de melhores colégios do país, uma grande conquista para o
ensino público. Concomitantemente, uma aluna tenta o suicídio. A equipe que
reportaria o sucesso do colégio, então, muda o seu foco, tentando desvendar o
acontecimento. O filme, de maneira ao mesmo tempo realista e intimista, é
gravado em forma de documentário, fazendo com que você crie rapidamente empatia
pelos personagens, sofrendo as suas dores.
Jéssica vinha sofrendo bullying
de sua ex-melhor amiga, Avery, há mais de seis meses. Em um plano arquitetado
por Brian, seu melhor amigo, com uma câmera secreta, todos os abusos foram
documentados, apesar de, até então, não mostrarem a ninguém. Com a chegada dos
profissionais à escola, Brian vê a chance de ajudar, para, quem sabe, fazer a
diferença e se redimir. Quebrando a sua promessa, entrega as filmagens.
Recheados de depoimentos de seus
colegas, a angústia durante o “documentário” apenas cresce, uma vez que
percebemos que todos tinha consciência do que acontecia, e mesmo assim, nada
faziam para ajudar. O sofrimento de seus familiares, de seus amigos, a
preocupação de seus professores e colegas, tudo serve como toque comovente e
realista.
A primeiro momento, a temática
bullying pode soar batida, no entanto, “A Girl Like Her” trata de maneira um
tanto inovadora, sem jamais deixar cair na mesmice, mostrando e nos fazendo
compreender, em ampla visão, todos os lados da situação.
A linha temporal não é
perfeitamente cronológica, de forma que prende a sua atenção do começo ao fim.
A fotografia, juntamente com a trilha sonora, casam-se nessa obra-prima,
ornando de forma a nos emocionar.
O filme foi lançado em 2015, com
apenas 91 minutos de duração, e devido a sua qualidade, era de se esperar que
tivesse uma maior repercussão, no entanto, pouco se ouviu falar. Sua
recomendação vai para todos. Sem exceção. Sem importar se faz ou não seu gênero
favorito: assista-o. Assista-o de coração e mente aberta. Afinal, muito além de
te levar a uma reflexão, inegavelmente, foi baseado em milhares de histórias
reais, essas que necessitam ser ouvidas. Que necessitam de nossa atenção.
Paula Cruz, 2º Etim Design de Interiores
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